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II Domingo de Advento

5 de dezembro de 2016

Neste II Domingo de Advento, as leituras de Is 11,1-10 e Mt 3,1-12 são pertinente e nos apresenta algo para refletir sobre a hora de construir utopias. A nossa vida humana está carregada de experiências. Vivemos as realidades físicas uma vez apenas, isto quer dizer, ninguém nasce duas vezes, morre duas vezes, passa pela infância e adolescência duas vezes.
Para reviver acontecimentos marcantes da nossa vida, criamos ritos, símbolos, sacramentos. São importantes, tendo-os vivido uma vez, achamos pouco, por isso, a cada ano, no dia do nosso nascimento, o revivemos simbolicamente e chamamos de aniversário. Temos necessidade de refazer a nossa história, ainda que simbolicamente.
O mundo foi criado. Há cientistas que nos apresenta teorias sobre a criação, segundo eles, já passaram milhões de anos, houve uma explosão, isso nos disse a teoria do big-bang. Assim chega um tempo e surgiu a vida sobre a Terra. Imaginemos que nesse processo aparece depois de muitos anos o povo de Israel, os personagens: Abraão, Moisés, os profetas. Depois veio também Jesus, até que viemos nós. Chega o Natal, e recordamos tudo: a criação do mundo, os grandes profetas, reaparece João Batista. Muitos personagens voltam, mas voltam no símbolo, no sacramento, no rito, numa provocação e significado.
Isaias trás na primeira leitura uma das imagens mais utópica mais bonita da história humana. O povo está numa situação difícil de carência e perigo. Olha para a realidade e não vê nada, nenhuma solução. Muitas vezes, no Brasil, vivemos essas situações. Não víamos nenhuma esperança. Agora também, vivemos um pouco essa situação: corrupção na política, violência na sociedade. Que saída nós temos?
Perante uma realidade como essa o povo se sacode e procuram figuras proféticas, personagens e possibilidades de saídas que chamamos de utopia. Por exemplo: depois de um período de regime militar ditatorial que no começo, talvez, deu esperança, mas vieram torturas, exílio, cárceres, e parecia que tudo acabou em morte em fatalidade. Posteriormente veio o período da democracia, então ressurgiu a esperança, porém chegou de certa disfarçada continua a violência, tortura, escravidão agora com outro tinte.
Israel vivia situação semelhante. Veja bem: Isaias era um homem como um de nós, ao lado daquele povo, viviam impérios poderosos: assírios, babilônicos que de fato, irão destruir Jerusalém e levar os judeus para o cativeiro. Nesse contexto, o profeta descreveu tudo aquilo que poderia acontecer, mas, iria nascer de dentro do povo, uma raiz de Jessé. Claro que é difícil entendermos o significado, porque não somos judeus. Jessé é o pai de Davi. Portanto, Alguém vai nascer de sua linhagem trazendo uma nova realidade.
Isaías começa a jogar com as imagens da época, colocando as lutas e os conflitos entre figuras de animais. Estas imagens são para dizer que a justiça de Deus eliminará a maldade, e nós viveremos num mundo de paz. Até hoje, Israel nunca viu isso. Isaías profetizou no ano 700 antes de Jesus Cristo e nós já estamos no ano 2016. Quanta violência, quanta destruição da natureza, quantos crimes! Setecentos anos antes de Cristo, Isaías já sonhava com o que ainda não conseguimos até hoje.
Será lindo o dia em que pais e mães puderem deixar seus filhos pequeninos brincarem sozinhos numa praça. Isso se chama utopia. Neste tempo, estamos nos aproximando do Natal, somos chamados e convidados para pensar nessa raiz de Jessé, isto é, nessa raiz da qual nasceu Davi e da linhagem de Davi nasceu Jesus, e está entre nós, quer nascer de novo no meio de nós.
No evangelho reapareceu João Batista, aquele que reconcilia o povo para receber Jesus. Ele está falando a cada um de nós. Precisamos reconciliar para receber Jesus no dia 25. Ele já veio, mas continuará vindo. Devemos retomar nossa conversão, voltar ao batismo, mudar de direção. Se percebermos que não estamos no melhor caminho, é hora de buscar o que João nos sugere: o batismo da penitência.
Ao falar da penitência, o texto nos apresenta três coisas: jejum, esmola e oração. Jejum não é apenas deixar de comer, porque muita gente faz jejum para emagrecer e ficar mais bonita. O jejum significa que nós somos mais que o alimento. Esmola serve para olharmos os outros e vermos o quanto ainda não têm o necessário para uma vida digna. Quantos ainda morrem de fome em vários países e mesmo no nosso Brasil. Oração não é pedir coisas a Deus. A oração me diz que sou incompleto. O importante é saber que não sou onipotente, e preciso dos outros.
Enfim, rezar é colocar-se na atitude de quem recebe de quem acolhe. Esmola é partilha. Jejuar é ter a consciência de que somos maiores do que a comida. Pensemos um pouco sobre a nossa vida.

Por: Isaac Segovia
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