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A Bíblia: recordar para acordar

22 de setembro de 2016

Estamos no mês dedicado à Bíblia. E por que o mês de setembro é dedicado à Bíblia? Dentro da Tradição da Igreja, o dia 30 de setembro se celebra a Memória de São Jerônimo, Presbítero e doutor da Igreja. Ele era apaixonado pela Palavra de Deus, e fez comentários sobre a Sagrada Escritura, traduzido-a da língua Hebraica e Grega para o Latim. Essa é a razão pela qual celebramos setembro como o mês dedicado à Bíblia.
A Bíblia é a Palavra de Deus escrita com a palavra dos homens e chegou até nós pela Igreja. Para os judeus, a Sagrada Escritura apela para que o povo, recordando o passado, tenha gravado na mente e no coração como Deus fez maravilhas por eles. Consequentemente, para ser fiel a Deus e somente servir, o povo deve sempre recordar que foi libertado do Egito.
Para nós cristãos, Cristo é o ápice da Revelação Divina. É Deus mesmo, achegando-se ao homem e revelando Sua vontade. Ele, "... pela plena presença e manifestação de Si mesmo por palavras e obras, sinais e milagres, e especialmente por Sua morte e gloriosa ressurreição dentre os mortos..." (DV 4), é Aquele que dá sentido a todas as outras manifestações divinas do passado. E Nele, está a plenitude da Revelação por Ser Deus mesmo falando de Si.
Ao lermos a Bíblia devemos tratar de recordar para acordar, tomar consciência voltar-se para Deus da Vida. A recordação tem um efeito estimulador. Ora, na sociedade atual, as coisas acontecem com muita rapidez. O ritmo de vida da cidade é acelerado. Estamos cercados de sons, além do bombardeio de imagens. Muita agitação, nem o lar é lugar de sossego. Neste sentido é difícil para escutar a voz interior.
Estamos diante de um mundo com pouca memória. Fatos que aconteceram há dois anos desaparecem da lembrança como se fosse de um passado remoto. Soma-se a isso a sobrecarga de informações que não há tempo de assimilar. A mídia cria fatos novos, que facilmente desaparecem de cena, dando lugar a outros. Não há tempo para deter-se, refletir, pensar, elaborar.
As pessoas e os povos somente nutrem a consciência histórica quando refletem sobre os fatos, dando-lhes sentido e estabelecendo relação entre eles. À medida que a pessoa exercita esta atitude de reflexão e guardar na memória e busca sentidos para os fatos transforma-se num aprendiz.
Então, quando acontece alguma experiência forte, a pessoa vai além do nível elementar, da satisfação ou dor. Procura descobrir o que aprendeu com a experiência. Cada novo desafio se transforma em aprendizagem existencial. Por isso, nunca envelhece.
A Igreja, venera a Sagrada Escritura colocando-a no mesmo patamar do Santíssimo Corpo do Senhor. Na liturgia, desde a antiga Tradição, os cristãos comungam, toma de duas mesas o pão que os alimenta: o pão da Palavra e o pão da Vida. A Palavra de Deus constitui-se assim "... alimento da alma, pura e perene fonte da vida espiritual" (DV 21).
Oxalá que ao alimentarmos da mesa da Palavra e celebrarmos a Memória, na Eucaristia, sejamos capazes de interpretara nossa história à luz da Palavra de Deus, e aprender como Jerônimo a valorizar a Escritura. Perceber os sinais dos tempos. Cultivar a interioridade, como capacidade de dar sentido e unidade às múltiplas experiências da vida. Que a nossa celebração Eucarística não fique velha nem caia na mera repetição de ritual.

Na Bíblia encontramos figuras como Maria que nos ensina a cultivar a interioridade, a meditar. Guardar as coisas no coração, buscar sentido nos acontecimentos e preparar-se para o que vai acontecer. Devemos ser como abelha, que recolhe o néctar de Deus na vida e transforma em mel. Colhe, recolhe, elabora e oferece doçura.

Por: Carlos Eduardo e Isaac Segovia




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